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Divulgação CulturalMário Saraiva: o percurso de um doutrinador
MOSTRA | 6 nov.-30 dez. ’17 | Sala de Referência | Entrada livre
SESSÃO EVOCATIVA | 9 nov. ’17 | 18h00 | Auditório | Entrada livre
Mário António Caldas de Mello Saraiva nasceu a 12 de maio de 1910 na rua da Rainha em Guimarães, onde residiam os seus pais, Maria José Caldas Mello e José Augusto Saraiva Júnior, tenente do Regimento de Infantaria n.º 20, do Infante D. Manuel, que se encontrava aquartelado no Paço dos Duques de Bragança. Nascido uns meses antes da implantação da República, terá sido logo na primeira infância que Mário Saraiva se viu enredado nos meandros da política. Em sua casa professavam-se os princípios do ideal monárquico, pelo que terá sido à luz deste ideário que o jovem Mário António foi educado, tendo também testemunhado a forma abnegada como o seu pai defendeu a causa real.
Concluídos os estudos secundários, que decorreram entre Santarém e Guimarães, ingressou na Universidade de Coimbra para estudar Medicina, curso que veio a terminar em 1935. Fixou-se, então, no Vilar, concelho do Cadaval, onde exerceu atividade clínica, acudindo a todos quantos procuravam o seu auxílio. Serviu durante décadas a Força Aérea Portuguesa, na Serra de Montejunto. Soube sempre conciliar a atividade clínica com os seus múltiplos interesses: gostava de pintar, de se entregar aos «encantos» do ilusionismo, do tiro aos pratos, onde era um exímio atirador, ou do convívio propiciado pela caça. Alimentava metodicamente a sua curiosidade histórica, não tomando por indisputáveis as narrativas que lhe pareciam inconsistentes à luz do que já conhecia. Espírito livre e eclético, estudou com profundidade o sebastianismo e a personalidade de Fernando Pessoa, enriquecendo as suas reflexões à luz dos seus conhecimentos médicos.
É, porém, na Filosofia Política que mais se evidencia. Monárquico convicto, Mário Saraiva fazia da escrita um instrumento de militância. Embora educado no respeito pelos princípios realistas, tinha a consciência de que a História, a estética, o sentimento e as paixões não ofereciam, por si só, à afirmação da causa monárquica, a solidez necessária à sua proposta política. Cedo percebeu a importância de ir discutindo os argumentos em que assenta a chefia de Estado republicana. Doutrinador, pretendeu disponibilizar obras que em linguagem simples e acessível explicassem as bases do pensamento monárquico, identificando os problemas que racionalmente procurava solucionar, não se furtando à discussão de aspetos jurídicos, campo que dominava com surpreendente desenvoltura.
Clareza, simplicidade e racionalidade são, aliás, a marca dos seus escritos: dos livros aos numerosos artigos que deixou espalhados por jornais portugueses – Debate, Voz, Correio da Manhã, Consciência Nacional, O Dia – e estrangeiros, do Brasil a Marrocos.
Mário Saraiva terá sido um dos maiores pensadores políticos da terceira geração de integralistas. Mas era também um homem de ação. Envolveu-se ativamente, e desde cedo, em organizações monárquicas, nomeadamente na Causa Monárquica. Fundou o movimento da Renovação Portuguesa e deu corpo à Biblioteca do Pensamento Político. Por estes méritos foi nomeado para o cargo de Secretário do Conselho Privado do Duque de Bragança, que exerceu entre 1978 e 1998, ano em que morreu, tendo deixado obra que merece ser conhecida.
Ao acolher agora o seu espólio, de que esta mostra constitui apenas um exemplo incompleto, a Biblioteca Nacional de Portugal assegura para a posteridade a possibilidade de um estudo mais aprofundado do seu legado. Assinalando a entrega do espólio, a 9 de novembro, irá decorrer uma sessão evocativa da figura de Mário Saraiva, na qual participam D. Duarte de Bragança, Nuno Pombo, docente universitário, e, em representação da família, o filho, Jaime Saraiva.
Fonte: bnportugal.pt
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