Notícias
Divulgação CulturalPortugal Futurista e outras publicações de 1917
MOSTRA | 27 set. – 30 dez. ’17 | Sala de Referência | Entrada Livre
JORNADA | Portugal Futurista e o futurismo | 7 nov. ’17 | 10h00 | Auditório | Entrada Livre / Programa
«Os rapazes do meu tempo! E nunca em Portugal os rapazes foram mais rapazes do que aqueles que eu conheci e estimei em 1917, no café Martinho, porque nenhuns souberam como eles acreditar tanto na sua mocidade. Nós, em 1917, acreditávamos em nós, na nossa voluptuosa e optimista juventude. Ser moço era para nós um dever patriótico. Portugal envelhecido – para remoçar-se precisava da mocidade convicta e sincera dos rapazes. E nós, por patriotismo, não só queríamos remoçar Portugal com a nossa juventude, nós queríamos também fazer de Lisboa a cabeça da Europa. E a mocidade daquele tempo, que já tinha lançado algumas revistas modernistas – atirou para espanto de todos os portugueses uma revista que excedia tudo quanto em audácia e originalidade se tinha até então publicado. Foi o Portugal Futurista».
Assim resume, em 1928, Rebelo de Bettencourt, o contexto do surgimento de Portugal Futurista, num dos raros testemunhos pessoais que chegaram até nós sobre essa mítica revista, cujo centenário esta mostra pretende celebrar. Este é igualmente o ponto de partida da mesma, num percurso que pretende desocultar mais detidamente as várias partes da revista e o seu lugar no panorama literário, das artes e do movimento Futurista. Com uma forte componente visual, na qual esteve profundamente envolvido o vanguardista Santa-Rita Pintor, a revista poderá ser vista na íntegra, através de um ecrã, onde passam cada uma das páginas do seu número único.
Portugal Futurista não foi, efetivamente, uma revista qualquer. A sua apreensão imediata é bem reveladora do seu conteúdo, tão invulgar quanto o de Orpheu, saída dois anos antes, e que ainda hoje nos faz sorrir. Uma carta datada de 11 de julho de 1917 pretende precisamente reatar a provocação e mostrar como existe uma continuidade entre as duas revistas, ainda que falemos de coisas (e protagonistas) diferentes. Da autoria de Fernando Pessoa, a carta fala da possibilidade de ainda editar um terceiro número de Orpheu, edição que nunca chegou a acontecer na sua vida.
Um dos objetivos da mostra é ainda mostrar o carácter ambivalente com que certas personalidades literárias trataram o seu relacionamento com o Futurismo (uma palavra-conceito nem sempre unânime), como é o caso de Alfredo Pimenta, poeta-crítico integralista, e dos seus «recortes futuristas», existentes nas reservas da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian.
Nesta mostra será assim possível constatar a complexidade interna desse número único, que integra duas folhas volantes: uma de promoção dos «Bailados Russos» – que chegariam a Lisboa em dezembro – e outra de divulgação de A engomadeira, da autoria de Almada Negreiros, também ele um dos elementos fulcrais da revista.
Outra das novidades é a possibilidade de escuta dos dois manifestos futuristas portugueses incluídos na revista – o já referido texto-manifesto de apresentação dos «Bailados Russos», e, também da autoria de Almada, o «Ultimatum futurista às gerações portuguesas do século XX», que podem assim ser integralmente compreendidos na sua multiplicidade futurista de palavra e som.
Revista irrepetível, enigma editorial, pedrada no charco em tempo de guerra e aparições, Portugal Futurista foi, em suma, uma tentativa de insurreição de uma certa juventude esclarecida, unida na sua diversidade para introduzir Portugal no século XX literário e artístico.
Fonte: bnportugal.pt
Outros artigos em Divulgação Cultural:
ENCONTRO | Byron 200 – Bicentenário da morte de Lorde Byron | 25 nov. ’24 | 15h00 | Auditório
Em 2024 assinalamos os 200 anos da morte de Lord Byron (1788-1824), uma das primeiras celebridades modernas literárias inglesas que se fez rodear frequentemente dos escândalos que o eternizaram, a par da sua obra poética
APRESENTAÇÃO DA EXPOSIÇÃO E CONFERÊNCIA | Aquiles Estaço: um humanista português na Europa do século XVI | 13 nov. ’24 | 10h00 | Auditório
Apresentação da exposição Aquiles Estaço: um humanista português na Europa do século XVI, cujo objetivo é divulgar os principais manuscritos e livros impressos de Aquiles Estaço.
CONFERÊNCIA | O Orientalismo português na época das Luzes: discursos e imagens | 8 nov. ’24 | 18h00 | Auditório
A conferência «O Orientalismo português na época das Luzes: discursos e imagens» da autoria de Ana Cristina Araújo (Universidade de Coimbra) visa destacar, por um lado, como os temas orientalistas não deixaram de estar presentes neste período histórico, apesar de uma menor referência em relação a outras épocas da história e culturas portuguesas
COLÓQUIO INTERNACIONAL | Espaços de Confinamento: Memórias da Repressão e Colonialidade | 28 out. ’24 | 10h00 | Auditório
No dia 1 de maio comemorou-se o 50.º aniversário (1974-2024) da libertação dos presos que estavam encarcerados no Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Esse Campo foi fundado pela ditadura salazarista em 1936 sob a designação eufemística de Colónia Penal de Cabo Verde com o propósito de reprimir e encarcerar os opositores do salazarismo.