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Divulgação CulturalMostra | Vianna da Motta. Non sine altera | 7 jun. | 18h00 | BNP
Vianna da Motta (1868-1948)
Non sine altera
MOSTRA | Mezzanine | 7 jun. ’18 | 18h00 | Entrada livre / até 14 set. ’18
Mostra evocativa do pianista e compositor Vianna da Motta, no ano em que se comemoram 150 anos do seu nascimento e 70 anos da sua morte, com materiais provenientes do seu espólio, que se encontra na BNP desde 1997.
Nascido em São Tomé e Príncipe, em 1868, desde cedo revelou o seu talento musical, particularmente para o piano, tendo concluído em 1882, com 13 anos de idade, os estudos no Conservatório Real de Lisboa. No ano seguinte partiu para Berlim, financiado por D. Fernando II e pela sua esposa, a Condessa de Edla, onde estudou com Xaver Scharwenka (piano) e com Philipp Scharwenka (composição). Teve também aulas com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana, da qual Vianna da Motta era também um importante membro, frequentando assiduamente o Festival de Bayreuth.
Em 1885 frequentou o último curso de Verão ministrado por Liszt, em Weimar, de quem recebeu por escrito os melhores votos para a sua carreira. Em 1887, foi o aluno dileto de Hans von Bülow nos cursos de Frankfurt am Main.
Fixou residência em Berlim e apresentou-se em várias cidades alemãs. Em 1893 fez a sua primeira grande digressão em Portugal e recebeu do rei D. Carlos o grau de Comendador da Ordem de Santiago.
Obrigado a abandonar a sua residência de Berlim devido ao início da Primeira Guerra Mundial em 1914, aceitou finalmente o convite para a regência da classe de Virtuosismo de Piano do Conservatório de Genebra, em 1915. Regressou definitivamente a Lisboa em 1917, onde fundou a Sociedade de Concertos e procedeu, em colaboração com Luís de Freitas Branco, à reforma do ensino do Conservatório de Música de Lisboa quando, em 1919, se tornou diretor desta instituição, modernizando os programas e os métodos pedagógicos, cargo em que se manteve até 1938.
Entre os seus discípulos, destacam-se os pianistas Sequeira Costa, o compositor Luiz Costa e a sua filha Helena Sá e Costa (diretores do Orpheon Portuense e também eles pianistas e pedagogos), Elisa de Sousa Pedroso (fundadora do Círculo de Cultura Musical), Campos Coelho (que veio a ser o professor de Maria João Pires), o musicólogo João de Freitas Branco e o compositor Fernando Lopes-Graça. Foi ainda professor, entre outros, de Maria Manuela Araújo, Maria Cristina Lino Pimentel, Nella Maissa, Maria da Graça Amado da Cunha e Fernando Corrêa de Oliveira.
Entre 1918 e 1920 foi diretor musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa. Fez inúmeras primeiras audições de obras há muito consagradas, como a integral das 32 sonatas de Beethoven, no centenário da sua morte, em 1927, e também de compositores seus contemporâneos, mantendo atividade como pianista até 1945.
Publicou assiduamente artigos sobre técnica e interpretação pianísticas, assim como estudos acerca da música de Wagner e Liszt. Exerceu a crítica musical e publicou artigos em revistas especializadas, sobretudo alemãs e portuguesas.
Foi Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (28 de junho de 1920), Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo (19 de abril de 1930) e recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2 de junho de 1938).
Faleceu a 1 de junho de 1948, em Lisboa, tendo vivido os últimos anos da sua vida na residência de sua filha Inês de Bivar Vianna da Motta.
Vianna da Motta foi um dos grandes vultos da cultura portuguesa e da história da música em Portugal, dada a sua versatilidade e profundidade cultural, personificando o ideal de «músico completo» que Liszt preconizou na sua diretriz pedagógica. Assim se explicará também a razão dos diversos campos da sua atividade: pianista, pedagogo, compositor, musicógrafo, conferencista e regente de orquestra. A sua orientação pedagógica operou uma completa viragem no nível técnico/artístico e na intelectualidade do meio musical lisbonense.
Primeira página da partitura autógrafa da sinfonia «À Patria», 1894. BNP V.M. 6005O público e a crítica sempre o aplaudiram e distinguiram a técnica, a clareza, a expressão, bem como o rigor das suas interpretações dos mestres clássicos. Foi considerado um brilhante intérprete de Liszt, Bach e Beethoven. A sua carreira pianística teve dimensão internacional tendo-se apresentado por toda a Europa e Américas do Norte e Sul.
Como compositor, José Vianna da Motta foi fundamental para a História da Música em Portugal no âmbito da «música de concerto», por lhe caber o mérito da primeira procura e criação consciente de «música culta» de carácter nacional.
O seu espólio musical integra um vasto número de variadas tipologias documentais de que se destacam os seus manuscritos autógrafos, diários, correspondência, coleções de programas e recortes, fotografias, monografias e partituras impressas, muitas anotadas pelo próprio.
Fonte: bnportugal.pt
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