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Divulgação CulturalSessão | António Borges Coelho | 10 jan. | 18h00 | BNP

António Borges Coelho
«Dar voz aos que em baixo fazem andar a História»
MOSTRA | 27 nov. ’18 – 31 jan.’19 | Sala de Referência | Entrada livre
SESSÃO | 10 jan.’19 | 18h00 | Auditório | Entrada livre
Por ocasião dos 90 anos do historiador António Borges Coelho, a Biblioteca Nacional de Portugal organiza uma mostra documental com o essencial da sua obra e um encontro, em janeiro, com João Madeira e Sérgio Campos Matos.
Do seminário à prisão: o abraço ao marxismo
Natural de Murça (1928), marcado por uma infância humilde em terras transmontanas, terminou os estudos elementares em 1940 e, oriundo de família numerosa, teve no seminário o destino possível para prosseguir os estudos. Acusado de organizar uma fuga coletiva e de ler obras ímpias, será, em 1945, expulso do Seminário Franciscano de Montariol. É de novo em Murça que, nos anos seguintes, se fortalece a descrença e desponta a consciência social e política. Com o liceu mais próximo em Vila Real, conclui, em 1948, os estudos liceais como aluno autoproposto e ainda nesse ano ruma a Lisboa.
Inscreve-se na Faculdade de Direito de Lisboa e vive intensamente a campanha do general Norton de Matos, candidato da Oposição às eleições presidenciais de 1949. Transfere-se para o curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras e envolve-se nas atividades do MUD Juvenil, do qual se torna dirigente, sendo várias vezes preso. Adere ao PCP em 1955 e torna-se seu funcionário clandestino, situação em que será preso em janeiro de 1956. Julgado em Tribunal Plenário só será condicionalmente libertado em maio de 1962, mais de seis anos depois, apesar de condenado a três anos de prisão.
Uma profícua atividade científica
Meses antes de ser libertado retoma os estudos académicos, que completa em 1967. Publicara, entretanto, Raízes da Expansão Portuguesa (1964), obra que seria rapidamente proibida com o argumento de desvirtuar as páginas mais gloriosas da História de Portugal e denegrir a imagem internacional do país. No ano seguinte, publica A Revolução de 1383 e ainda uma biografia de Alexandre Herculano, figura intelectualmente inspiradora.
Até à queda da ditadura, prefacia e anota as crónicas de D. Duarte, de Rui de Pina, e de D. Pedro, de Fernão Lopes, publica a sua tese de licenciatura sobre Leibnitz e, já na primeira metade dos anos 70, os quatro volumes de Portugal na Espanha Árabe e Comunas ou concelhos.
Jornalista, professor à margem do ensino oficial, tradutor, explicador, será, logo após o 25 de Abril, proposto pelos estudantes para professor na Faculdade de Letras de Lisboa, onde inicia funções em outubro de 1974. Rege cadeiras, orienta seminários, integra a direção do Centro de História da Faculdade, presidido por Joaquim Barradas de Carvalho, funda e dirige a revista História e Sociedade.
Em 1986, defende provas públicas de doutoramento, com uma tese sobre a Inquisição de Évora, aprovada por unanimidade com distinção e louvor, que publicará em dois volumes. Presta provas de agregação em 1991 e torna-se professor catedrático em 1993, jubilando-se em 1998. As suas principais obras são sucessivamente reeditadas, a que se juntam novas obras – Questionar a História, com sete volumes de ensaios, Tudo é mercadoria: sobre o percurso e obra de João de Barros, Quadros para uma viagem a Portugal no século XVI ou O vice-rei D. João de Castro. Em 2010, inicia a publicação de uma História de Portugal, de que se editaram cinco volumes, estando o 6.º praticamente concluído.
Resgatar o lugar dos sem voz na História
Perscrutou razões e fatores que facilitaram a dianteira da expansão marítima, procedeu a uma longa indagação em busca da presença islâmica no território ocupado por Portugal e interessou-se pelo contributo da comunidade judaica na construção da modernidade e procurou os bloqueios que se levantaram a esse processo, de que a Inquisição, tema do seu doutoramento, foi um poderoso instrumento.
Pelo conjunto da sua obra, ainda em curso com a publicação da História de Portugal, passam ruidosamente os de baixo, os marginalizados e perseguidos, tornados atores sociais e coletivos.
Fonte: bnportugal.pt
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