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“O barco dos loucos”, “O vagão dos loucos”, “Extração da pedra da loucura”, “Extração da pedra da loucura”, “Autorretratos”

“O barco dos loucos”, “O vagão dos loucos”, “Extração da pedra da loucura”, “Extração da pedra da loucura”, “Autorretratos”
“O barco dos loucos”, “O vagão dos loucos”, “Extração da pedra da loucura”, “Extração da pedra da loucura”, “Autorretratos”
“O barco dos loucos” (1510) (Hieronymus Bosh, 1450-1616), “O vagão dos loucos” (1637) (Hendrick Pot, 1580-1667), “Extração da pedra da loucura” (1494) (Hieronymus Bosh, 1450-1616), “Extração da pedra da loucura” (1550) (Pieter Brugel, 1525-1569), “Autorretratos” (1967-2000) (William Utermohlen, 1933-2007)
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Durante muitos séculos, pela lógica falta de conhecimento científico que permitisse a correta interpretação dos quadros clínicos, com base nos seus verdadeiros mecanismos fisiopatológicos, que vieram a possibilitar depois a sua individualização nosológica, muitas doenças que hoje sabemos serem de índole neurológica ou psiquiátrica, eram confundidas, como se de uma só tipo se tratasse. Em especial, quadros de demência ou a própria epilepsia, durante a Idade Média, na qual imperava sobretudo o conceito mágico-religioso como explicação reinante para os males da Humanidade e dos Seres Humanos, eram tidos, como se os seus portadores estivessem possessos do demónio. Existem muitas representações pictóricas, de que as primeiras quatro que aqui se apresentam são exemplos bastante ilustrativos, três das quais da autoria de dois génios da pintura universal (Bosh e Brugel), ilustrativas de como se acreditava que os distúrbios do comportamento se deviam ao facto de o seu portador ter a denominada “pedra da loucura”, pelo que a cura só se poderia obter através da sua extração. pela técnica da trepanação.

Felizmente, conhece-se hoje, bastante mais, sobre as causas dos quadros de demência e a investigação científica conseguiu propiciar formas de tratamento bastante mais eficazes, embora seja ainda impossível suster ou reverter completamente a sua inexorável evolução em todos os casos. Este é, assim, um outro cenário muito específico, em que a relação médico-doente, continuando a ser indispensável, não é de todo suficiente, pois a ação do médico tem obviamente que ser suplementada por todo um complexo conjunto de outras iniciativas e de outros protagonistas, a começar pela figura daquilo que presentemente se denomina de cuidador informal.

A simples contemplação da pungente sucessão dos autorretratos do pintor William Utermohlen, conhecido como tendo sido padecente de Doença de Alzheimer, nos deixa completamente conscientes do enorme e devastador impacto desta patologia nas faculdades cognitivas dos seus portadores e, por consequência, da dificuldade progressiva do seu relacionamento com os outros conviventes e circundantes, em especial, com quem tem a missão de os tratar.

 

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