Destaques
quadros comentados“Clube de cirurgia de Amsterdão”, “A clínica Agnew”, “Antes da cirurgia”
Concerto para violino nº 8 em E menor
O cirurgião geral tem de lidar, ao longo da sua vida profissional, com muitas situações em que, para salvar o seu doente, tem de lhe proceder a algumas amputações de órgãos que têm notórias implicações na sua qualidade de vida futura, desde que a cura da doença de base, frequentemente de índole oncológica, seja a condição imprescindível, e, portanto, permitir assim que o seu doente possa permanecer entre o grupo dos sobreviventes, como, supostamente, o pretenderá. No fundo, tal é o que a sabedoria popular quer explicitar, quando utiliza a expressão “vão-se os anéis e que fiquem os dedos”, ou seja, se não podemos ter tudo o que pensamos ser bom, que fiquemos com o essencial e nos conformemos em prescindir do acessório. E o essencial é, por definição, a própria vida. Só depois dessa garantia, é que a maioria dos doentes se importa seriamente com o “resto”. Com que limitações irei ficar? Serão as sequelas provisórias ou permanentes? Haverá maneira de atenuar os efeitos da amputação e de poder recuperar alguma da qualidade de vida? Estas são questões frequentes que os doentes colocam ao médico com um misto de curiosidade, de angústia e de esperança, e que exigem uma resposta adequada, mas transmitida com solidária carga afetiva. Certamente que a contingência de se ter de defrontar com um dos diversos tipos de estoma (a colostomia é o exemplo paradigmático) é algo que tem muitas e óbvias implicações na qualidade de vida do doente, e necessita de um apoio muito cuidado da equipa de saúde por longos períodos, em particular do médico que foi responsável pela proposta cirúrgica e que a executou, o que coloca ambos, doente e médico, num cenário muito particular para o desenvolvimento desse relacionamento tão único e sem par. Exige-se, em conformidade, uma adequada explicação prévia, uma antecipação ao limite do possível dos cenários futuros, capaz de fornecer todos os indispensáveis elementos para uma assinatura, em perfeita consciência, do denominado consentimento informado, tal como as regras da ética mandam.
Os quadros, em anexo, exemplificam um pouco da história da cirurgia ao longo dos tempos, terminando com mais um notável exemplo de alguém, Joseph Wilder, cidadão norte-americano, simultaneamente reconhecido enquanto médico-cirurgião e pintor de talentos firmados. O valor terapêutico da arte levou a que um grupo de ostomizados tivesse lançado a iniciativa de criarem um movimento, denominado de “Criative Minds”, em que se busca, através da pintura em grupo, exorcizar um pouco da angústia vivencial decorrente dessa condição, exemplo certamente a seguir noutros países e para outras doenças, dado ter um potencial terapêutico, num sentido médico mais lato, nada despiciendo.
“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”
Um dos atributos mais nobres do médico é o de ser capaz de descodificar, através da observação clínica, os estados de alma dos seus doentes. Nas expressões faciais. No olhar. Nos gestos
“John Locke”, “Baruch Spinosa”, “Pedro Nunes”, “De humani corpis fabrica”, “Estudos de anatomia”, “Estudo Anatómico”
Existe um debate, desde há muitos anos, acerca da natureza da Medicina: Arte ou Ciência, pergunta-se? Possivelmente, direi, ambas!
“Um abraço do Universo a mim e ao Diego”, “Saudade”
O(s) autor(es) o livro intitulado “QuimioRadiolândia: Viagem sem regresso a uma fortaleza chamada oncologia”, aí escalpelizam toda problemática do relacionamento médico-doente na vertente de utilizadores dos serviços de saúde