Destaques
quadros comentados“O desmaio”, “Pulso e batimentos”, “Colapso”, “Morte iminente”
Concerto para violino nº 8 em E menor
A descrição da sensação de morte iminente, teve várias denominações ao longo do tempo, algumas das quais se encontram nestes quadros que aqui se apresentam. Um dos termos mais utilizados e para o qual nunca se encontrou uma definição médica moderna muito precisa, foi o de “apoplexia”. Basicamente, designava qualquer episódio súbito de grande mal-estar, geralmente acompanhado de perda da capacidade da pessoa se suster de pé, a que se seguia uma perturbação da consciência mais ou menos prolongada e profunda, podendo efetivamente terminar com a morte de quem era acometido. As causas podiam ser muito diversas, embora frequentemente ficassem por esclarecer. Do ponto de vista da ética profissional médica, tal como o conteúdo das pinturas sugerem, nenhum médico, independentemente da sua especialidade, do local e da hora da ocorrência, está dispensado de prestar auxílio ao seu semelhante nestas circunstâncias, sendo certo que este, não raramente, depois da hipotética recuperação, não é capaz de fornecer um relato muito fiável e concreto daquilo que sentiu. Depois deste episódio, muitas vezes, emergem alguns distúrbios psicológicos que podem mesmo chegar a poderem ser classificados como de índole fóbica, tal é o receio que os doentes têm de o mesmo se poder voltar a repetir e, nessa eventualidade, o desfecho poder ser mais desfavorável, ou, mesmo, fatal. O que impende, logicamente, de uma forma muito particular, sobre o futuro relacionamento médico-doente.
Outra situação muito diferente, mas que igualmente tem implicações de grande magnitude nessa mesma relação, é quando essa sensação ocorre no culminar da evolução de uma doença crónica incurável, ou simplesmente pela idade muito avançada e das suas inerentes complicações. Nestas situações, há a considerar vários fatores fundamentais, designadamente: o grau de lucidez mental do doente, a profundidade do seu conhecimento relativo à natureza da doença de base de que padece, respetivo prognóstico, resposta ao tratamento empreendido, e, sobretudo, o seu conjunto de valores e de crenças, bem como a existência das denominadas diretivas antecipadas de vontade, acerca de alguns aspetos fundamentais relativos à vida do próprio. Neste particular contexto, como escrevi livro “Ode ou Requiem”, “ouvir a respiração e dar as mãos” em respeitoso e solidário silêncio é, com frequência, muito mais importante, do que tudo o resto. A denominada medicalização da morte é um dos aspetos mais questionáveis da medicina moderna.
A audição atenta da música profundamente intimista dos incontornáveis CDs de dois grandes músicos e compositores, Leonard Cohen e David Bowie, intitulados, respetivamente, “You want it darker” e “Blackstar”, editados muito pouco antes de cada um dos seus autores falecer, pois ambos tinham a perfeita consciência de que a morte se avizinhava e que foram assim concebidos num ambiente de emotiva reflexão acerca do sentido da vida, podem ajudar a um entendimento mais completo de toda esta complexa temática.
“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”
Um dos atributos mais nobres do médico é o de ser capaz de descodificar, através da observação clínica, os estados de alma dos seus doentes. Nas expressões faciais. No olhar. Nos gestos
“John Locke”, “Baruch Spinosa”, “Pedro Nunes”, “De humani corpis fabrica”, “Estudos de anatomia”, “Estudo Anatómico”
Existe um debate, desde há muitos anos, acerca da natureza da Medicina: Arte ou Ciência, pergunta-se? Possivelmente, direi, ambas!
“Um abraço do Universo a mim e ao Diego”, “Saudade”
O(s) autor(es) o livro intitulado “QuimioRadiolândia: Viagem sem regresso a uma fortaleza chamada oncologia”, aí escalpelizam toda problemática do relacionamento médico-doente na vertente de utilizadores dos serviços de saúde