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“Esqueleto de cárneo com cigarro aceso” e “Autorretrato com cachimbo”

“Esqueleto de cárneo com cigarro aceso” e “Autorretrato com cachimbo”

“Esqueleto de cárneo com cigarro aceso” (1886) e “Autorretrato com cachimbo” (1889) de Vincent van Gogh, 1853-1890

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Os pneumologistas de hoje, certamente que se debatem com uma infinidade de outras doenças que não apenas a tuberculose de outrora e possuem recursos de elevada sofisticação tecnológica, lidando com situações clínicas em que o sofrimento humano está muito presente, porque a “falta de ar”, comum à evolução de muitas delas, é percecionada como algo muito especial pelos doentes, pois tal pode simbolizar, de uma forma intuitiva, uma ameaça séria à sua própria subsistência, o que tem óbvios e importantíssimos reflexos no relacionamento com o seu médico. Tal é o que se pode depreender dos incontornáveis quadros de Van Gogh, pois ambos remetem para a causa mais frequente (e evitável) de insuficiência respiratória, o tabagismo, embora na época do pintor isso não fosse do conhecimento, quer dos médicos e cientistas, e muito menos dos doentes e dos cidadãos em geral.

Esta realidade ganha especial acuidade, quando esta função absolutamente vital é assegurada através do funcionamento de uma prótese ventilatória em contexto de doença evolutiva em fase terminal e sem tratamento etiológico que permita admitir a sua reversibilidade. Nestas circunstâncias, evidentemente muito particulares, a compaixão e a adequada aplicação dos princípios éticos da boa prática médica, para além da correta prescrição farmacológica necessária, poderão dar dignidade, quer à vida do doente, quer à do próprio médico.

 

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