Uma outra dimensão, desta noção do “eu plural”, diz respeito a uma realidade emergente e que estava quase completamente ausente, no tempo do famoso Hospital de Todos os Santos, cuja imagem do painel de azulejos aqui se apresenta, destruído que foi durante o terramoto de Lisboa de 1755. Este viria, depois, a dar origem ao mais importante Centro Hospitalar da capital do país, os não menos famosos Hospitais Civis de Lisboa, a mais importante escola de formação pós-graduada e a que tem um historial de tradição histórica mais rico em Portugal. É pertinente evocar, a este propósito, que, de uma época em que a administração das unidades prestadoras de cuidados de saúde estavam dependentes de um reduzido número de pessoas que se encarregavam das respetivas parcas tarefas, com as inerentes particularidades próprias dessa época, personalizada na pessoa do denominado “Enfermeiro-Mor”, passou-se, presentemente, para algo extremamente complexo, em especial no que se refere à realidade das instituições hospitalares. As questões emergentes são de diversa ordem, onde se incluem as seguintes: como compatibilizar o dever de tratar, muitas vezes acolhendo por imperativo ético e científico, a inovação terapêutica, que tem custos avultados e crescentes, e o irrealista espartilho de controlo financeiro que as hierarquias cegamente impõem? Como manter os profissionais motivados, com salários cada vez mais desajustados do custo de vida e das legítimas aspirações dos mesmos e das suas famílias? Como evitar conflitos resultantes da má prática e da displicência, com profissionais em estado de profundo “burnout”, onde a missão de transmitir os ensinamentos às novas gerações não é suficientemente estimulada e compensada? As respostas extravasam largamente as competências de quem está investido neste nada invejável papel, devem ser dadas antes por quem tem responsabilidades executivas na esfera governamental.