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“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”

“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”
“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”

“Mal de Amores” (1916) (Georg Grosz, 1893-1959), “O Beijo” (1908) (Gustave Klimt, 1892-1918), “Homem velho com saudades” (1890) (Vincent van Gogh, 1853-1890), “Autorretrato, enquanto Homem desesperado” (1844) (Gustave Courbet, 1819-1877), “Autorretrato” (1928) e “Retrato de Roma” (1957) de Oscar Dominguez, 1906-1957, “Oscar Dominguez” (sec. XX) (Luís Material, sec. XX-XXI)

Citação em destaque

Um dos atributos mais nobres do médico é o de ser capaz de descodificar, através da observação clínica, os estados de alma dos seus doentes. Nas expressões faciais. No olhar. Nos gestos. Aquando do cumprimento inicial. Nas entrelinhas do discurso do seu doente. Se é verdade que ninguém o retratou melhor, enquanto artista, do que o insigne pintor norueguês, Edvard Munch, também não deixa de ser menos verdade, que existem muitos e bons exemplos, como os que aqui foram selecionados, da autoria de outros geniais seus colegas, onde se incluem o germânico Georg Grosz, o austríaco Gustave Klimt, o holandês Van Gogh, ou o francês Gustave Courbet.

Oscar Dominguez foi um grande pintor espanhol surrealista que padeceria, segundo se pensa, de uma acromegalia, vivendo atormentado pela deformação progressiva que essa doença (que não sabia ter) lhe foi provocando ao nível da fácies (bem visível no seu autorretrato), bem como nas mãos, assumindo, estas últimas, certamente, um óbvio simbolismo para si mesmo, dada a sua profissão, pois são elas que, de alguma forma, representam o veículo pelo qual se expressa a atividade criativa do artista. No último ano de vida, pintou o retrato da sua namorada, uma pianista polaca, com se fosse a “Vénus do Nilo”, em que os seus braços, separados do respetivo corpo, tocavam piano (sabe-se lá sob o comando mental de quem…). Se, não há como descortinar, com segurança, o significado profundo deste impulso criador, talvez seja possível, “a posteriori”, especular algo, sabendo-se que pouco depois, se suicidou numa banheira, cortando os seus próprios pulsos, tal como o seu colega, Luís Material, veio a pintar depois. Assim como ninguém lhe diagnosticou a enfermidade endocrinológica de que padecia, bem patente no seu autorretrato, poder-se-á perguntar se alguém lhe teria interpretado, adequadamente, o seu estado de alma, quando exibiu o retrato da sua amada… Será que, se tal tivesse acontecido, se poderia ter evitado tão dramático desfecho que permitisse que a sua força criadora continuasse a enriquecer o património cultural da Humanidade por mais uns quantos anos, pode perguntar-se?!…

 

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