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“O médico dos pobres”

“O médico dos pobres”

“O médico dos pobres” (1867) (Jules Leonard, 1827-1897)

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A visão do médico generalista é, por excelência, aquela que tem por objeto um coletivo muito singular, ou seja, o da estrutura base de uma sociedade: a família. Conhecer o doente desde a fase pré-natal, como por vezes acontece, até à idade adulta, e depois os seus descendentes, é algo único no contexto da especialização médica e que coloca o médico numa posição ímpar para poder interpretar, verdadeiramente, o sinal ou sintoma que o doente apresenta. O que permite criar laços de confiança mútua que são verdadeiramente insubstituíveis para o doente e para a estrutura familiar. Assim existissem condições de exercício adequadas, o que passa certamente, pelo tempo disponível para conversar, analisar os contextos e as evidências clínicas, formular um diagnóstico diferencial assertivo que possibilite a hierarquização adequada dos exames auxiliares a serem requisitados e, decidir, depois, qual a terapêutica mais adequada ou a referenciação ponderada a uma qualquer outra especialidade complementar. Mas, contudo, tal não é de todo viável, se o médico estiver em “burnout” e se tiver que ver doentes como simples peças de uma mera linha de montagem industrial, como acontece na realidade presente. Esta realidade, é, antes, uma desvirtuação e um abastardamento intolerável daquilo que deveria ser o exercício profissional destes colegas, o que acarreta elevados custos, quer para os doentes, quer para o sistema, quer, finalmente, para os próprios profissionais.

 

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