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“Rei Josias vítima de lepra”, “A peste de Tournai”, “A peste da Caffa”, “Morte na fogueira de judeus”

“Rei Josias vítima de lepra”, “A peste de Tournai”, “A peste da Caffa”, “Morte na fogueira de judeus”
“Rei Josias vítima de lepra”, “A peste de Tournai”, “A peste da Caffa”, “Morte na fogueira de judeus”

“Rei Josias vítima de lepra” (1639) (Rembrandt van Rijn, 1606-1669), “A peste de Tournai” (sec. XII-XIV) (Gilles le Muisit, 1272-1352), “A peste da Caffa” (1307) (Rashid ad-Din´s Jami al-Tawarikh, 1247-1318), “Morte na fogueira de judeus” (1493) (Autor desconhecido, séc. XV)

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Se há exemplos de doenças infectocontagiosas que assumiram proporções gigantescas em certas épocas, e que tiveram um cunho verdadeiramente mítico, certamente que a lepra e a peste serão dois dos mais eloquentes exemplos. Enquanto, a primeira, foi abundantemente descrita nas Sagradas Escrituras, tal como o génio de Rembrandt deixou imortalizado no quadro que aqui se apresenta, no qual se pode observar um dos Reis dos Judeus, vítima da mesma, a segunda, dizimou, em sucessivas vagas, durante a idade média, muitos milhões de seres humanos, em especial na Europa medieval. Para além disso, serviu de pretexto para dois factos históricos que importa recordar e ter presente. O primeiro, que foi um dos melhores exemplos de guerra biológica na História da Humanidade, ocorreu em Caffa, em 1343, era esta cidade uma feitoria da República de Génova, situada na península da Crimeia, entre o Mar Negro e o Mar de Azov, quando foi sitiada pelo exército do império Mongol, que catapultou cabeças de doentes com peste, previamente decepados, para tentar espalhar a doença entre muros e, assim, conseguir uma rendição mais rápida das tropas inimigas. O segundo, que remete para o tema cada vez mais atual da intolerância religiosa, em que, em diversas nações europeias, depois de passar o efeito de cada epidemia de peste, as populações e o clero atribuíam tal devastação ao facto de terem acolhido, no seu seio, as minorias judaicas, e tal ser interpretado como um castigo divino para essa decisão, pelo que os membros daquele credo, para além de também terem sido dizimados, como consequência da mesma pestilência, eram, de seguida, queimados vivos, como expiação desse acolhimento supostamente indevido, e com o intuito de assim purificar o ambiente.

 

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