Notícias
Divulgação CulturalExposição | Cidades de Papel: separatas e construções de armar | 25 jun. – 31 dez.
Cidades de Papel
Separatas e construções de armar
EXPOSIÇÃO | 25 jun. – 31 dez. ’20 | Sala de Exposições – Piso 2 | Entrada livre
As separatas das publicações infantis, hoje quase esquecidas, são como os brindes do bolo-rei: uma oferta adicional no interior dos fascículos, um hábito construído ao longo da publicação e que constituía um fator de diferenciação da revista na eterna luta pela preferência dos leitores.
As revistas, em particular, as de histórias aos quadradinhos, começaram a oferecer separatas simples e de pequeno formato a partir de 1903 com O Gafanhoto. Mas seria o ABCzinho que, pela mão de Cottinelli Telmo, atingiria, em 1921, uma qualidade e beleza extraordinárias em construções litografadas a duas cores, que integraram a primeira série da revista. No final da década de 1920 também os jornais passaram a incluir separatas, por vezes com construções de armar. É o caso do Notícias Miudinho, suplemento infantil do Diário de Notícias, e do Pim-Pam-Pum, suplemento infantil de O Século. É claro que, por razões de concorrência, outras publicações adotaram a mesma estratégia. Tal aconteceu com o Có-có-ró-có, de António Cardoso Lopes (que assinava Tiotónio), em 1928, e com o Tic-Tac, em 1932.
Nos anos seguintes, O Senhor Doutor, em 1933, e O Papagaio, em 1935, não defraudaram os seus leitores. O Papagaio ofereceu, pela primeira vez, folhas transparentes com desenhos de bordados para as leitoras, a construção do castelo de Guimarães, num até então recorde de 16 folhas, e um livrinho com uma história completa em BD de Júlio Resende. Mas o número de folhas foi em breve ultrapassado pel’ O Senhor Doutor que ofereceu a extraordinária Embaixada do Século XVIII em 52 folhas A3, que se apresenta construída na exposição e que constituiu um máximo que se manteria imbatível.
No ano de 1936, O Mosquito marca um novo patamar com a Torre de Belém e o jogo dos combates, construções de armar de António Velez que rivalizaram em importância com o edifício do Diário de Notícias e o mosteiro de Leça do Balio, do Diabrete. Na década de 1950 a Agência Portuguesa de Revistas reorientou a noção de separata na Plateia, com fotografias de artistas a cores, e em O Mundo de Aventuras com fotografias de desportistas, equipas de futebol, estadistas e cromos colecionáveis. Com um papel importante nestes anos, o Cavaleiro Andante ofereceu jogos, e cromos que habilitavam a concursos, e o Titã, publicou separatas com temas de cultura geral. Nos anos 60, salientam-se os uniformes militares e os cromos, desenhados por José Garcês, para a segunda série do Camarada. Na década de 1970, destaca-se O Jornal do Cuto, da Portugal Press, com separatas em formato de poster, e os 108 memoráveis Quadros da História de Portugal, de Carlos Alberto Santos.
Os anos 80 marcam o final das revistas de banda desenhada, das separatas e das construções de armar. No entanto, as construções continuaram a ser produzidas, em particular, pela Agência Portuguesa de Revistas e são várias as marcas e casas comerciais que ainda hoje as oferecem às crianças. A chegada dos álbuns de BD também incentivaram as construções de armar e José Garcês, um dos maiores ilustradores portugueses, desenhou para as Edições ASA um conjunto de casas regionais e de monumentos portugueses: o Mosteiro da Batalha, o Mosteiro dos Jerónimos, e a Torre de Belém, além de uma caravela, todos em grande formato.
As construções de armar não acabaram e mesmo as revistas há muito extintas moram aqui e ali, em fundos de gavetas ou caixas esquecidas, de onde são recuperadas para delícia dos colecionadores que algum dia experimentaram o desespero das dobras por acertar e o encanto esquivo da construção perfeita.
Carlos Gonçalves / Carlos Moreno / João Manuel Mimoso
Fonte: bnportugal.pt
Outros artigos em Divulgação Cultural:
APRESENTAÇÃO DA EXPOSIÇÃO E CONFERÊNCIA | Aquiles Estaço: um humanista português na Europa do século XVI | 13 nov. ’24 | 10h00 | Auditório
Apresentação da exposição Aquiles Estaço: um humanista português na Europa do século XVI, cujo objetivo é divulgar os principais manuscritos e livros impressos de Aquiles Estaço.
CONFERÊNCIA | O Orientalismo português na época das Luzes: discursos e imagens | 8 nov. ’24 | 18h00 | Auditório
A conferência «O Orientalismo português na época das Luzes: discursos e imagens» da autoria de Ana Cristina Araújo (Universidade de Coimbra) visa destacar, por um lado, como os temas orientalistas não deixaram de estar presentes neste período histórico, apesar de uma menor referência em relação a outras épocas da história e culturas portuguesas
COLÓQUIO INTERNACIONAL | Espaços de Confinamento: Memórias da Repressão e Colonialidade | 28 out. ’24 | 10h00 | Auditório
No dia 1 de maio comemorou-se o 50.º aniversário (1974-2024) da libertação dos presos que estavam encarcerados no Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Esse Campo foi fundado pela ditadura salazarista em 1936 sob a designação eufemística de Colónia Penal de Cabo Verde com o propósito de reprimir e encarcerar os opositores do salazarismo.
CICLO DE DEBATES | Camões: Ciclo de debates na BNP – Comemorar Camões: Porquê? Para quê? | 23 out. ’24 | 17h00 | Auditório
No âmbito das Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, a Biblioteca Nacional de Portugal acolhe a realização de um ciclo de debates ou mesas-redondas destinados a envolver o público na discussão sobre os desafios colocados pela figura, a biografia e a obra de Luís de Camões