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Divulgação CulturalMostra | Vitor Ramos: uma trajetória no exílio | Inauguração: 12 dez. ’22 | 17h00
Vitor Ramos: uma trajetória no exílio
MOSTRA | 12 dez. ’22 – 17 fev. ’23 | Inauguração: 17h00 | Sala de Referência | Entrada livre
MESA REDONDA | 12 dez. ´22 | 18h00 | Auditório | Entrada Livre
FILME | todas as terças-feiras, de 13 dez. ’22 a 14 fev. ’23 | 11h00-12h20 e 15h00-16h20 | Sala Multimédia | Entrada livre
Vitor de Almeida Ramos nasceu em Ervedal da Beira em 25 de abril de 1920. Envolve-se desde cedo na luta antifascista contra a ditadura de Salazar. Militou no MUD Juvenil e no PCP. Nos anos 40, forma-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e inicia a sua carreira jornalística como correspondente da France-Press. Alguns anos mais tarde, auto-exila-se em Paris, onde estabelece residência, iniciando estudos em Literatura Francesa na Sorbonne. No período francês encontra-se com Casais Monteiro, Jorge de Sena e Barradas de Carvalho que, posteriormente, o acompanham no Brasil.
Em 1953, na viagem para o Festival da Juventude em Bucareste, conhece uma jovem brasileira, estudante de história, Dulce Helena Álvares Pessoa. Apaixonam-se e casam-se em 1955 no Brasil, tendo três filhos. De família tradicional de esquerda, Dulce seria sua companheira de vida e de atividades profissionais e políticas no exílio brasileiro, que acabou estendendo até ao seu falecimento em 1974. Nos dois anos que estiveram separados, antes do casamento, em uma das tantas cartas enviadas, declara: “Sinceramente, terias tu começado a se interessar por mim se eu fosse fascista, um indivíduo para quem o mundo e seus problemas fossem indiferentes?”
Em seu desterro esteve vigiado pela PIDE que, em 1962, decreta sua prisão. Ao dar continuidade à militância política contra a ditadura, funda com Manuel F. Moura, o jornal Portugal Democrático que se tornou uma bandeira da luta da diáspora portuguesa, denunciando a opressão salazarista. Essa importante publicação de quase duas décadas, a sua última edição data de 4 de março de 1975 – foi o meio que deu substância à resistência dos exilados no Brasil. Além de Vitor Ramos dela fizeram parte os portugueses Miguel Urbano, Sena, Casais Monteiro, Fernando Lemos e Barradas de Carvalho, além de conhecidos nomes da cultura e da política brasileira.
Vitor Ramos inicia a sua carreira académica em 1959 como professor de literatura francesa no interior de São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de Assis. Em 1964 transfere-se para a Universidade de São Paulo, defende tese de livre-docência e torna-se professor titular. Aprofunda pesquisas e o estudo de literatura francesa do séc XVII, publicando Cyrano auter tragique; Rotrou: um universo equívoco e Estudos em Três Planos. Sobre literatura portuguesa publica ensaios sobre Cavaleiro de Oliveira, Camilo Castelo Branco e sobre a autoria de Cartas de uma religiosa portuguesa. Edita ainda uma ampla edição comentada de Os Lusíadas.
Em 1969 recebe um convite para lecionar literatura francesa na Universidade da Califórnia, para onde se transfere com a família, aí permanecendo por mais de 2 anos. Em 1968 e em 1973, recebe dois prémios do Ministério da Educação por serviços prestados à cultura francesa.
O dia 25 de abril de 1974, dia doseu 54.º e último aniversário comenta: a revolução foi o melhor presente que poderia ter recebido. Alguns dias depois, numa reunião em sua casa com a família e amigos exilados comemorando e discutindo o retorno à pátria, Vitor Ramos sofre um aneurisma fulminante que o deixa em coma profundo. Morre no dia seguinte, 3 de maio de 1974. De emoção e alegria, porém sem retornar a sua terra natal agora livre.
Mais informação: bnportugal.pt
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