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quadros comentados“Auto-Retrato com o Doutor Arrieta”
Quadro de Francisco Goya (1746-1828) de 1820
Quadro de Francisco Goya (1746-1828) de 1820 intitulado “Auto-Retrato com o Doutor Arrieta” localizado no Instituto de Arte de Minneapolis, EUA
Mazurka nº 38
Francisco Goya foi um dos mais notáveis pintores espanhóis, célebre pelo seu amor à pátria, consubstanciado pela tenaz oposição às invasões napoleónicas. Legou-nos muitas obras geniais e de grande significado simbólico, presentemente dispersas por museus e coleções privadas de todo o Mundo.
Existe uma grande polémica acerca das doenças de que terá eventualmente padecido, mas a distância temporal e os meios que a ciência propiciava à Medicina nessa altura eram por demais exíguos, pelo que essas interessantes teorias muito dificilmente se poderão vir a infirmar ou a confirmar um dia.
Neste quadro (um auto-retrato do artista), é patente que o mesmo se encontra muito doente, quiçá mesmo a um eventual pequeno paço da agonia dos derradeiros momentos de vida. Contudo, sabe-se que sobreviveu a este grande contratempo quase uma década e que o mesmo representa, acima de tudo, uma sincera homenagem ao Médico que o tratou e que, por certo, o próprio artista admitiu ter sido o verdadeiro responsável por ter conseguido evitar tão angustiante morte.
Ainda hoje é frequente os doentes agradecerem aos seus médicos aquilo que os mesmos devem sentir que é apenas decorrente da sua estrita obrigação ética e profissional: Saber respeitar a individualidade do cidadão enfermo, promover a humanização dos cuidados que lhe vierem a ser prestados, mostrar diligência e disponibilidade em função das circunstâncias e saber utilizar adequadamente e com a devida competência os meios que a ciência lhes coloca à disposição, no sentido de obviar ao máximo ao sofrimento e, se possível, conseguir restituir na íntegra a sua saúde. Foi certamente isto que Goya percecionou que o seu médico, o Dr. Arrieta, lhe proporcionou com os escassos meios técnicos de que dispunha, para além da sua decisiva e solidária presença, sentimento de natural e profunda gratidão que assim pretendeu exprimir e perpetuar de maneira tão eloquentemente sublime.
O sentido destes dois quadros completa-se pois, de forma harmoniosa, dado que o segundo representa a insubstituível confiança que o doente deposita no médico que se propõe vir a tratá-lo, ao ponto de “não se importar” que este o adormeça para lhe ir, de seguida, remexer nas entranhas do seu corpo e retirar os “podres” que aí encontrar, na convicta esperança de que tal possa contribuir para ficar curado ou, se tal não for de todo possível, pelo menos, poder obter o máximo alívio, pelo maior tempo possível do seu sofrimento. E isto, por si só, é suficiente, para, de uma forma inequívoca, se considerar a relação médico-doente como verdadeiramente única no contexto do relacionamento entre dois seres humanos.
“Nas tuas mãos” (2012) (Emma Cano, sec XX-XXI)
Outros quadros comentados:
“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”
Um dos atributos mais nobres do médico é o de ser capaz de descodificar, através da observação clínica, os estados de alma dos seus doentes. Nas expressões faciais. No olhar. Nos gestos
“John Locke”, “Baruch Spinosa”, “Pedro Nunes”, “De humani corpis fabrica”, “Estudos de anatomia”, “Estudo Anatómico”
Existe um debate, desde há muitos anos, acerca da natureza da Medicina: Arte ou Ciência, pergunta-se? Possivelmente, direi, ambas!
“Um abraço do Universo a mim e ao Diego”, “Saudade”
O(s) autor(es) o livro intitulado “QuimioRadiolândia: Viagem sem regresso a uma fortaleza chamada oncologia”, aí escalpelizam toda problemática do relacionamento médico-doente na vertente de utilizadores dos serviços de saúde