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“O desmaio”, “Pulso e batimentos”, “Colapso”, “Morte iminente”

“O desmaio”, “Pulso e batimentos”, “Colapso”, “Morte iminente”
“O desmaio”, “Pulso e batimentos”, “Colapso”, “Morte iminente”
“O desmaio” (1680) (Eglon van der Neer, 1635-1703), “Pulso e batimentos” 1877) (Teofilo Patini, 1840-1906), “Colapso” (1677) (Jacob Ochtervelt, 1634-1682), “Morte iminente” (1889) (Hans Brendekilde, 1867-1942)
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A descrição da sensação de morte iminente, teve várias denominações ao longo do tempo, algumas das quais se encontram nestes quadros que aqui se apresentam. Um dos termos mais utilizados e para o qual nunca se encontrou uma definição médica moderna muito precisa, foi o de “apoplexia”. Basicamente, designava qualquer episódio súbito de grande mal-estar, geralmente acompanhado de perda da capacidade da pessoa se suster de pé, a que se seguia uma perturbação da consciência mais ou menos prolongada e profunda, podendo efetivamente terminar com a morte de quem era acometido. As causas podiam ser muito diversas, embora frequentemente ficassem por esclarecer. Do ponto de vista da ética profissional médica, tal como o conteúdo das pinturas sugerem, nenhum médico, independentemente da sua especialidade, do local e da hora da ocorrência, está dispensado de prestar auxílio ao seu semelhante nestas circunstâncias, sendo certo que este, não raramente, depois da hipotética recuperação, não é capaz de fornecer um relato muito fiável e concreto daquilo que sentiu. Depois deste episódio, muitas vezes, emergem alguns distúrbios psicológicos que podem mesmo chegar a poderem ser classificados como de índole fóbica, tal é o receio que os doentes têm de o mesmo se poder voltar a repetir e, nessa eventualidade, o desfecho poder ser mais desfavorável, ou, mesmo, fatal. O que impende, logicamente, de uma forma muito particular, sobre o futuro relacionamento médico-doente.

Outra situação muito diferente, mas que igualmente tem implicações de grande magnitude nessa mesma relação, é quando essa sensação ocorre no culminar da evolução de uma doença crónica incurável, ou simplesmente pela idade muito avançada e das suas inerentes complicações. Nestas situações, há a considerar vários fatores fundamentais, designadamente: o grau de lucidez mental do doente, a profundidade do seu conhecimento relativo à natureza da doença de base de que padece, respetivo prognóstico, resposta ao tratamento empreendido, e, sobretudo, o seu conjunto de valores e de crenças, bem como a existência das denominadas diretivas antecipadas de vontade, acerca de alguns aspetos fundamentais relativos à vida do próprio. Neste particular contexto, como escrevi livro “Ode ou Requiem”, “ouvir a respiração e dar as mãos” em respeitoso e solidário silêncio é, com frequência, muito mais importante, do que tudo o resto. A denominada medicalização da morte é um dos aspetos mais questionáveis da medicina moderna.

A audição atenta da música profundamente intimista dos incontornáveis CDs de dois grandes músicos e compositores, Leonard Cohen e David Bowie, intitulados, respetivamente, “You want it darker” e “Blackstar”, editados muito pouco antes de cada um dos seus autores falecer, pois ambos tinham a perfeita consciência de que a morte se avizinhava e que foram assim concebidos num ambiente de emotiva reflexão acerca do sentido da vida, podem ajudar a um entendimento mais completo de toda esta complexa temática.

 

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