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quadros comentados

 

“O inválido”, “O convalescente”, “Enfermo gravemente doente”

“O inválido”, “O convalescente”, “Enfermo gravemente doente”

“O inválido” (1669) (Wolfgang Heimbach, 1605-1879), “O convalescente” (1860) (Carolus Duran, 1837-1917), “Enfermo gravemente doente” (1982) (Eduardo Kingman, 1913-1997)

Citação em destaque

A contemplação destes três quadros selecionados diz tudo. Há alturas em que a consciência do próprio sofrimento e a maneira como cada doente o vivencia emocionalmente é muito mais relevante do que a doença que conduziu a uma determinada situação clínica específica. Como aqui se exemplifica, há lugar a estar acompanhado pelas pessoas afetivamente mais significativas para o doente, como, por exemplo, o seu cuidador, mas também a momentos de indispensável e reparadora solidão. Não há, nem podem jamais existir, receitas universais adequadas para todos os contextos ou para todas as pessoas e momentos. Mas, quase sempre, o aconchego do lar de cada um e a partilha de alguns momentos e vivências com a família e os amigos, é muito mais reconfortante, do que o que se consegue obter nas instituições, ou através da interferência dos profissionais de saúde, a não ser que, como deveria acontecer sempre, a relação médico-doente tenha sido previamente elevada ao patamar em que Hipócrates e Osler a colocaram, ou seja, quando o médico não faz vão de sentido o que se exprime na célebre frase “Curar umas vezes, aliviar outras, mas confortar sempre”. E isto, para além de ser uma obrigação ética, é algo que se vai construindo passo-a-passo, num percurso a dois, em que as idiossincrasias de cada um cedem lugar a uma comunhão espiritual de solidariedade, de comiseração e de empatia que permitem a aceitação, com o mínimo sofrimento possível, da deficiência, quando não, da própria morte.

 

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