Destaques
quadros comentados“A agonia”, “Mulher chorosa”, “Valentina agonizante no hospital”, “Sempre contigo”, “Moribundo”
“A agonia” (1912) (Egon Schiele, 1890-1918), “Mulher chorosa” (1937) (Pablo Picasso, 1881-1937), “Valentina agonizante no hospital” (1914) (Ferdinand Hodler, 1853-1918), “Sempre contigo” (2005) (Paco Lafarga, 1978- ), “Moribundo” (1875) (Silvestro Lega, 1826-1895))
Sonata nº 55
Os títulos dos dois primeiros quadros, da autoria de dois génios da pintura universal, resumem, com muito propósito, aquilo que é o sentimento do doente em fase terminal de uma doença oncológica, que necessariamente contamina os familiares, amigos, conviventes e, porque não, afirmar, também, quem o trata. O grande pintor suíço, Ferdinand Hodler, introdutor da corrente estética do simbolismo no seu país, desde sempre que provou os frutos amargos do destino. Filho de uma família pobre com uma grande prole, viu partir, ainda jovem, vítimas de tuberculose, quer o seu pai, quer dois dos seus irmãos. Posteriormente, veio a confrontar-se com a evolução inexorável, para a morte, da sua companheira de amores, Valentine, da qual nos legou pungentes registos pictóricos, cheios de simbolismo e reveladores de um grande amor, de um profundo carinho e, certamente, de uma enorme cumplicidade, de que o que aqui se apresenta é apenas um exemplo. Também o pintor italiano Silvestro Lega foi certamente impelido a pintar o quadro que aqui se expõe, pois teve de se confrontar morte da filha mais velha e com a doença oftalmológica que o conduziu posteriormente à cegueira e à consequente precaridade económica.
Já quanto ao jovem pintor espanhol, Paco Lafarga, percebe-se, de imediato, a sua extrema sensibilidade para aquilo que é o mais importante para todos os seres humanos, e que une certamente as funções sociais do artista e do profissional de saúde, ou seja, cuidar dos outros. Uns, os artistas, de uma forma mais metafórica, os outros, os médicos, de uma forma mais palpável. O que seria do Mundo, sem ambos? O seu quadro, que aqui se apresenta, “Sempre Contigo”, bem como os títulos de algumas das suas exposições, designadamente, “Retóricas da Carne” e “Em constante esforço da Alma”, resumem, de uma forma perfeitamente adequada, aquilo que um doente, nesta situação, necessita: ser tocado ternamente pelos circundantes, em especial pelos familiares mais chegados e pelo seu médico, estar num sítio cómodo e tranquilo, onde as boas memórias possam fluir naturalmente, com os sintomas controlados, sem sofrimento, e com o sentimento de partilha de quem está solidariamente presente. Ou seja, tal como fica subentendido na expressão “doce morte”. Nem mais.
Outros quadros comentados:
“Mal de Amores”, “O Beijo”, “Homem velho com saudades”, “Autorretrato, enquanto Homem desesperado”, “Autorretrato” e “Retrato de Roma”, “Oscar Dominguez”
Um dos atributos mais nobres do médico é o de ser capaz de descodificar, através da observação clínica, os estados de alma dos seus doentes. Nas expressões faciais. No olhar. Nos gestos
“John Locke”, “Baruch Spinosa”, “Pedro Nunes”, “De humani corpis fabrica”, “Estudos de anatomia”, “Estudo Anatómico”
Existe um debate, desde há muitos anos, acerca da natureza da Medicina: Arte ou Ciência, pergunta-se? Possivelmente, direi, ambas!
“Um abraço do Universo a mim e ao Diego”, “Saudade”
O(s) autor(es) o livro intitulado “QuimioRadiolândia: Viagem sem regresso a uma fortaleza chamada oncologia”, aí escalpelizam toda problemática do relacionamento médico-doente na vertente de utilizadores dos serviços de saúde