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quadros comentados

“Autorretrato” e “A Cortisona”, “Raoul Dufy a pintar”, “Ether Day”, “A primeira intervenção cirúrgica sob anestesia geral”

“Autorretrato” e “A Cortisona”, “Raoul Dufy a pintar”, “Ether Day”, “A primeira intervenção cirúrgica sob anestesia geral”
“Autorretrato” e “A Cortisona”, “Raoul Dufy a pintar”, “Ether Day”, “A primeira intervenção cirúrgica sob anestesia geral”

“Autorretrato” (1935) e “A Cortisona” (1951) de Raoul Dufy, 1877-1953, “Raoul Dufy a pintar” (sec. XX) (Autor desconhecido), “Ether Day” (1853) (Robert Hinckley, 1853-1941), “A primeira intervenção cirúrgica sob anestesia geral” (1883) (Robert Hinckley, 1853- 1941)

Citação em destaque

A doença iatrogénica tem um peso enorme para a sociedade, para as instituições, para os profissionais de saúde e, logicamente, sobretudo, para os próprios doentes. Por isso, a segurança deste, o cumprimento das regras da boa prática médica e o combate à infeção nosocomial devem mobilizar todos os envolvidos e constituir um verdadeiro desígnio, o que, muitas vezes, com a precariedade das condições colocadas à disposição para o exercício profissional, a esgotante carga de trabalho, a par do tempo excessivo das jornadas contínuas de trabalho diário, que ultrapassam frequentemente aquilo que é recomendável e recomendado, são fatores decisivos que contribuem para que aconteça precisamente o contrário daquilo que, em princípio, se pretenderia.

Relativamente aos quadros que aqui foram selecionados, alguns factos merecem ser destacados, a este propósito. O grande pintor francês Raoul Dufy sofria de artrite reumatoide e foi dos primeiros doentes do mundo a receber (e a beneficiar) de uma terapêutica corticosteroide que, sendo hoje, muito usual (mas nem sempre adequadamente utilizada, é bom que seja reconhecido), pode ser potencialmente, como é do conhecimento de todos, muito iatrogénica, tal como veio a acontecer ao próprio pintor. O alívio (temporário) das enormes queixas articulares que apresentava estão bem espelhadas no segundo e no terceiro quadros, o primeiro destes, intitulado, sugestivamente, de “A cortisona”, é representada através de muito bonito jarro de flores, já que estas simbolizam, por inerência, a própria beleza.

Os últimos quadros são da autoria de um pintor americano Robert Hinckley, companheiro de estudos, em Paris, do grande John Singer Sargent, que deixou parte da sua obra pictórica exposta na famosa Universidade de Harvard, em Boston, no estado do Massachusetts. Como já foi afirmado, a segurança dos cuidados anestésicos e cirúrgicos evoluiu bastante e, como consequência, a morbimortalidade associada decaiu imenso, embora nunca tenha sido (nem nunca vai ser), nula. O éter, que, a par do álcool etílico, do ópio e do clorofórmio, foram os primeiros compostos químicos com propriedades anestésicas que foram utilizadas nos primórdios da cirurgia, estão hoje completamente arredados dos blocos operatórios, para bem da prática médica e dos doentes.

 

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