Recomendações
Aconselhamento ao viajanteO voo do moscardo
- Contacto com Insectos
- Alimentação
- Hábitos Sexuais
- Natureza e/ou Animais Selvagens
- Outro tipo de cuidados
Utilizar repelente com a composição DEET (Dietiltoluamida, Previpic ou Tabard de nome comercial, com concentração de 30-50%) de 4/4H, ou ICARIDINA (Moustidose, de nome comercial, concentração 10-25%) de 12/12H, em especial entre o anoitecer e o amanhecer, embora idealmente também durante o dia. Aplicar o “roll-on” nas partes do corpo expostas. Se utilizar simultaneamente protetor solar, aplicar primeiramente este último. O fabricante da marca MosKout tem também um spray à base de Permetrina (um inseticida) que é exclusivo para ser aplicado na roupa (neste caso, protegendo devidamente as mucosas, sobretudo ao nível da conjuntiva ocular). Se possível, colocar rede mosquiteira no quarto (por cima da cama, nas portas e nas janelas). Se esta for impregnada em inseticida (Permetrina), tanto melhor. Roupa impregnada em repelente (Permetrina) está comercializada e pode ser também muito útil em certo tipo de viagens ou em estadias prolongadas, mantendo-se com propriedades ativas até aos 2 anos, mesmo após lavagem. O ar condicionado, embora não sendo propriamente muito saudável, é geralmente considerado cómodo pela maioria das pessoas quando se registam temperaturas extremas, dando uma proteção razoável contra as doenças transmitidas por esta via, devendo ser ligado cerca de 1h antes de se ir dormir e manter-se ligado até ao acordar. Outras medidas podem ser ainda adicionalmente utilizadas, sem que nenhuma substituia a outra, pois são todas complementares. Assim, também se recomenda a utilização de roupa de cor clara, a nebulização do ar ambiente com produtos inseticidas devidamente homologados para uso humano, ou a fumigação de outras substâncias ditas “naturais” (citronela e essências de eucalipto) que são habitualmente vendidas em quase todos os países tropicais, dentro das habitações, em particular nos quartos, embora se corra o risco de poderem desencadear ou agravar alergias, pelo que são de evitar em doentes com hipersensibilidade conhecida, designadamente em asmáticos.
A malária é uma doença que pode ser muito grave se não for pronta e adequadamente diagnosticada e tratada. Convém ter a noção que, em países endémicos, qualquer síndroma febril, até prova em contrário, pode corresponder a uma infeção pelo parasita (Plasmódio) que está na sua origem. Em caso de febre muito elevada (> 38,0ºC) com tremores de frio (calafrios), que se prolongue para além de 3 dias, acompanhada geralmente por dores intensas ao nível dos músculos ou na cabeça, mesmo que esteja a tomar medicação profilática, procure cuidados médicos especializados no sentido de excluir ou confirmar esta hipótese diagnóstica ou faça um autoteste (que poderá ser prescrito e adquirido no país de origem). A sintomatologia digestiva ou respiratória concomitante eventualmente presente, não obvia à sua ponderação como diagnóstico possível. Tenha também sempre presente que em muitos dos países tropicais, uma boa parte dos medicamentos que se podem comprar, mesmo em instituições supostamente idóneas, estão adulterados, pelo que em certos casos o seu médico pode optar por lhe prescrever um autotratamento, que deverá utilizar rigorosamente de acordo com as instruções fornecidas, sobretudo se estiver em zonas com dificuldade de acesso a cuidados de saúde com o mínimo de garantia de qualidade e prontidão.
O alimento mais problemático é a água (não esquecer que o gelo também pode transmitir agentes infeciosos, pois a congelação nunca os elimina todos). Beba sempre que possível água mineral engarrafada aberta à sua frente ou por si mesmo. Se isso for de todo impossível, beba então água pública canalizada, previamente biologicamente filtrada e de seguida fervida durante 3 mn, devendo ser ainda descontaminada c/ 2 gotas de lixívia p/ cada litro ou com comprimidos (Aquatabs de nome comercial, que pode adquirir nas farmácias no seu país de origem antes da partida). Esta água pode ser utilizada para a higiene oral e até mesmo na confeção das refeições, e, inclusive, para beber. Este procedimento alternativo proporciona uma segurança mínima aceitável, embora apenas como alternativa. Dos alimentos sólidos, os mais problemáticos são os mariscos (sobretudo os bivalves), as saladas, a fruta com casca, os ovos, os derivados do leite, ou os doces c/ creme. Utilize sempre os seus 5 sentidos quando decidir ir comer: A audição, para obter informação dos residentes locais sobre os mercados, as lojas e os restaurantes mais aconselháveis; a visão, para valorizar o aspeto dos produtos alimentares, bem como dos locais onde comprar ou consumir alimentos; o olfato, para apreciar os aromas antes de ingerir ou comprar qualquer alimento; o tato, para avaliar a textura dos alimentos, sobretudo antes de serem adquiridos ou confecionados; finalmente, o paladar, para primeiramente provar, antes de propriamente começar a comer. Lave frequentemente as mãos c/ água e sabão ou desinfete-as c/ solução alcoólica própria, sobretudo antes das refeições e depois de ir a uma instalação sanitária. Se tiver uma toxinfecção alimentar (febre, indisposição, vómitos, dores abdominais e/ou diarreia), faça primeiro uma dieta adequada (evitando legumes verdes e leite ou derivados, ingerindo antes líquidos (água, chá preto, coca-cola, eventualmente c/ acúcar) e alimentos (arroz branco puré de cenoura temperados c/ um pouco de sal), e só se as queixas foram muito intensas e/ou prolongadas (mais de 3 dias), ou se forem sofrendo um agravamento progressivo, utilize então a medicação específica prescrita consoante o tipo de sintomas que o estiverem a afetar. Após iniciar a automedicação de acordo com as instruções recebidas, se a sintomatologia não melhorar ao fim de 3 dias ou se sofrer agravamento no decurso do 2º dia, procure então cuidados médicos adequados no mais breve período de tempo possível, idealmente convencionados com o seguro que tiver efetuado.
Não tenha relações sexuais com nenhum parceiro ocasional sem se proteger adequadamente com preservativo (masculino e/ou feminino) antes da penetração (genital, retal ou oral). Se este se romper, procure cuidados médicos especializados o mais depressa possível, tentando convencer o seu (sua) parceiro(a) a deslocar-se consigo ao Hospital mais próximo para efetuar análises serológicas específicas. Pode ser necessário, nesse contexto, ser-lhe administrada ou prescrita alguma medicação para prevenir eventuais contágios (agentes das Hepatites, DSTs, VIH, etc.), ou mesmo, uma gravidez indesejada. Os espermicidas não são microbicidas reconhecidos, podendo inclusive aumentar a probabilidade de contrair um qualquer agente infecioso por esta via, designadamente o VIH.
Respeite sempre os animais e a flora locais, e utilize calçado e vestuário adequado (tanto em terra, em especial quando praticar montanhismo, escalada ou espeleologia, bem como quando for praticar desportos náuticos ou mergulho). Alguns répteis, certos aracnídeos, e alguns animais marinhos, podem ser venenosos. Alguns outros animais, sobretudo os paquidermes e os mamíferos predadores ou répteis podem ser extremamente perigosos. Evite grandes aglomerações populacionais, designadamente quando confinadas em recintos mal arejados, bem como os mercados onde se vendem animais vivos (em especial galináceos em países do Extremo Oriente). Nestes casos, a utilização de máscara facial é fortemente aconselhável. Se tiver que subir a altitudes significativas (> 3.500 m), ou praticar mergulho a profundidades também problemáticas (> 15 m), faça-o sempre devidamente acompanhado e por períodos não exagerados, dando assim o tempo suficiente à necessária adaptação fisiológica às variações relevantes das pressões que daí decorrem, consultando de preferência previamente o seu médico acerca de possíveis contraindicações inerentes, quer pelo seu estado de saúde passado ou presente, quer pela medicação que lhe tenha sido prescrita. Evite mergulhar ou nadar em rios ou lagos na generalidade dos países tropicais (sobretudo nos continentes Africano, América Central e do Sul e Ásia) pelo perigo de poder contrair infeções potencialmente graves ou pela eventual presença de répteis perigosos. Não pratique desportos radicais sem a presença de um instrutor muito experiente e conhecedor, ou se for portador de problemas de saúde suficientemente limitativos. Nunca force, pois, as circunstâncias, para além dos limites do bom senso e da razoabilidade e se ocorrer algum acidente, procure de imediato aconselhamento médico especializado. Transporte sempre um telemóvel carregado e com um programa de localização por GPS operacional. Não se esqueça que poucos países do Mundo estão comprovadamente livres de Raiva (Portugal é um deles), pelo que só se deve aproximar de mamíferos carnívoros (cães, canídeos, primatas, outros mamíferos, ou de morcegos) sem conhecer perfeitamente os donos e os animais há algumas semanas e tiver a certeza de que estão devidamente vacinados. Nunca facilite, uma vez que se trata de uma doença com elevadíssima mortalidade associada (praticamente 100%). O contacto com certas espécies de morcegos ou roedores pode também comportar riscos acrescidos significativos, para além da raiva.
Faça um seguro de viagem ou de saúde c/ cobertura internacional (de preferência que abarque o repatriamento). Se adoecer durante a viagem ou alguns dias a semanas após voltar e se não for por causa traumática ou descompensação de doença crónica já conhecida (onde a consulta de um ortopedista ou fisiatra, no primeiro caso, ou do seu médico assistente, no segundo, se afiguram perfeitamente adequadas), procure aconselhamento médico especializado em patologia transmissível de importação. Sempre que recorrer por doença febril a uma instituição de saúde (febre isolada ou acompanhada por qualquer outro sintoma), e tenha viajado antes, nunca se esqueça de o referir explicitamente ao médico que o for observar, no sentido de evitar atrasos no diagnóstico que podem ter consequências graves. Peça sempre ao seu médico assistente ou ao médico da Consulta do Viajante para lhe prescrever os medicamentos que toma habitualmente para as suas doenças crónicas em quantidade suficiente, devendo acondicioná-los de forma adequada, repartidos entre a mala de porão e a mala de cabine (no caso de viajar de avião) em conjunto com as respetivas bulas e embalagens originais, bem como um relatório médico c/ as suas alergias e doenças. Questione-os também se essas doenças são ou não compatíveis com a viagem que pretende realizar e quais as possíveis limitações (sobretudo se padecer de doença psiquiátrica, neurológica, cardíaca, pulmonar, renal, hepática, da coagulação, ou qualquer tipo de imunodeficiência congénita ou adquirida). Se viajar de avião, sobretudo para viagens superiores a 5H, beba água suficiente durante a viagem, movimente as pernas enquanto estiver sentado, levante-se cada 2h e caminhe durante pelo menos 5mn no corredor. Se sofrer de varizes deverá, para além disso, utilizar meias de descanso ou elásticas, podendo ser ainda necessária alguma medicação específica complementar a ser devidamente avaliada na consulta médica. Se sofrer de obstrução nasal, deverá utilizar um vasoconstritor nasal e um anti-histamínico segundo prescrição médica. Logo que chegue ao destino, tente adaptar-se o mais depressa possível aos horários do local no sentido de evitar o denominado Jet-Lag. Se tiver qualquer outra dúvida e não possa aceder a uma consulta especializada em tempo útil, deve procurar informação credível e atualizada e se isso for tecnicamente exequível, através da “internet”. Os “sites” CDC.GOV (americano), WHO.INT (internacional), ECDC.EU (europoeu), e o FitForTravel (escocês), tal como o da SPMV (Sociedade Portuguesa de Medicina de Viagens, português) são gratuitos e possuem (dois deles), além de outras informações úteis, credíveis, atualizadas e de fácil acesso, um livro com tudo o que de mais importante existe em termos das doenças adquiridas em contexto de Viagens ou da Patologia de Importação, no que se refere, quer à terapêutica, quer à profilaxia, ao diagnóstico e aos aspetos epidemiológicos das principais situações clínicas (incluindo a legislação sanitária internacional, mapas e listagens de doenças e países). Esta consulta, sobretudo para que já foi antes a uma consulta médica do viajante, pode ser suficiente para ficar a saber se é necessário voltar uma outra vez. Ir para a Europa, por exemplo, não significa que nunca deva ser necessário ir a uma consulta ou ser vacinado, pelo que se recomenda que faça esta consulta sempre que sair do país, seja para onde for, e que o mesmo seja também efetuado se não respeitar a trajetória que anunciou previamente ao médico. Por exemplo, ir em viagem para São Paulo ou o Rio de Janeiro, não comporta os mesmos riscos do que ir para o Pantanal ou a Amazónia. Não se esqueça, nunca, dos documentos pessoais necessários, das guias da medicação e dos boletins vacinação (nacional e internacional), dos medicamentos e, se usar óculos, é conveniente ter consigo um par suplementar (ou receituário específico para os adquirir). Disperse os documentos, dinheiro e cartões de crédito por vários bolsos, deixando no cofre do hotel tudo o que não for absolutamente imprescindível ter consigo quando sair. Evite sempre zonas frequentadas por marginais e respeite a legislação dos países que visitar, bem como as respetivas autoridades locais e os costumes e tradições dos seus povos.
Se decidir recorrer a uma Consulta do Viajante (antes e/ou depois da viajem), não se esqueça dos Boletins de Vacinação (Nacional e Internacional), de saber exatamente qual a sua medicação habitual e levar os exames que tiver efetuado (com os respetivos relatórios e resultados). Se estiver grávida ou a amamentar ou se planear engravidar, informe o seu médico, pois isso pode condicionar alterações da estratégia vacinal e da terapêutica que tiver que ser prescrita, bem como alterar o tipo ou duração da viagem. Por regra, se tiver que viajar estando grávida, faça-o durante o segundo trimestre, por um período não muito prolongado, escolhendo locais onde possa ter assistência médica de qualidade e que não comportem riscos acrescidos para a sua saúde ou do seu (sua) filho (a).
Para além da medicação e dos documentos, pode ser então importante levar consigo: 1)- Repelente (nas farmácias); 2)- Rede mosquiteira (de preferência impregnada em inseticida) (na internet ou em lojas de desporto); 3)- Roupa impregnada em repelente (quer para uso pessoal, quer para a cama: Consulte as empresas portuguesas “New Textiles” (https://newtextiles.pt) ou “Moskout” (https://moskout.com); 4)- Filtros biológicos de água (na internet); 5)- Aquatabs (nas farmácias); 6)- Estojo de primeiros socorros c/ solução alcoólica e máscaras faciais (nas farmácias); 7)- Kits de diagnóstico rápido de malária (nas farmácias ou na internet); 8)- Protetor Solar c/ écran UV > a fator 30 (nas farmácias), 9)- Tendas de campismo estanques ou outros produtos para turismo de aventura na natureza (em lojas de desporto ou na internet), que deve adquirir antes da partida nos locais indicados. Para mais informações, consulte o site josepocas.com.
Para ser vacinado, deve recorrer a um Centro de Vacinação Internacional (ULS Arrábida, Hospital de S. Bernardo, Consulta do Viajante. Para fazer o agendamento, utilize o Telefone Direto: 265549558, ou o mail: sec.infecciologia@ulsa.min-saude.pt). Se for vacinado no Centro de Saúde ou numa Farmácia de Oficina, peça sempre para ser efetuado o registo eletrónico das vacinas que lhe forem administradas. Esse registo poderá ser consultado por si no Portal do SNS 24. Sempre que lhe receitarem vacinas para serem compradas na farmácia, transporte-as sempre em acondicionamento térmico, e coloque-as na porta do frigorífico em casa, onde a temperatura é de cerca de 4-5ºC, pois as variações de temperatura ou o calor, se superiores a 5mn, irão provocar uma perda total da sua capacidade de imunização. Não se esqueça que manter atualizada a vacina da COVID ou estar imunizado para o sarampo é muito importante.
BOA VIAGEM e DIVIRTA-SE. Saiba que ESTAR devidamente INFORMADO faz com que possa VIAJAR com MAIOR SEGURANÇA